domingo, 31 de janeiro de 2010

Oxigênio em contagotas

          Tenho procurado me libertar. Não que eu faça muita ideia do que realmente prende. Entretanto, algo lateja forte e compulsivamente como se um elástico prendesse meu tornozelo e fizesse com que eu não conseguisse avançar sem retornar. Meu peito tem tido sedes insaciáveis, angústias contidas e palavras repetidas. Mudo-me de cidade, de amores, de vícios, de braços, e minhas mãos continuam as mesmas –  incorpóreas e inquietas. Isolo-me lá e acá, pra tentar despejar as bolhas-pesadas-cor-de-vinho das incertezas. Percebo: meu quente coração não esvai. Estou pedindo, me deixem. Não me procurem, preciso parar de dançar com as mãos dadas em rodas e rodadas de contentamento. Aperto em brisa e tormenta, sim, eu sei que é passageiro e, quem sabe, necessário. Um dia desses, tomo consciência da palavra ser.
          Escolhas repentinas, fracassos repentinos. Lágrimas tremidas, ofegantes, doloridas escorrem pelo dorso, em busca de aconchego. Arrepiam-me, em cada centímetro das queimaduras propositais, das cicatrizes que doem em dias e olhos igualmente úmidos.
         Desculpa, não vivo sem reclusões. Pra mim também não é fácil, não te contar inúmeras aventuras e situações que tenho vivido, e não ter paciência pra te ouvir também. Desculpa, arrebenta os elásticos. Desculpa de reclusão, hermética em mim e nada mais.  

2 comentários:

  1. eu também não vivo sem reclusões. e isso também de se libertar, mas não sei do que tenho que me libertar... talvez de mim mesma.

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  2. é, tem sido a tentativa: quero ser tudo, mas me libertar de mim mesma.

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