terça-feira, 17 de novembro de 2009

Imprecisões exatas

E começo a acreditar em alguma coisa que ainda não consigo definir o que é, se pudesse senti-la, seria macia e densa, como uma esponja espumando bolhas-brancas-pesadas. Uma vontade que agoniza (mesmo sem saber por que agoniza, e por que é vontade).Seria a esperança de desejar? Talvez uma ilusão incapaz de enganar-se... (Quanta incompletude!)

Olhei para uma tríade capaz de formar um Si: estava feito o acorde completo e composto por três notas logicamente manejadas. Não eram apenas notas. Uma vez juntadas e norteadas por um tom, tornavam-se perfeitamente e incontestavelmente um acorde.

Impreciso são meus olhos e são meus cegos engasgos. Imprecisas são minhas percepções. Tão grudadas em desejos e incertezas , que talvez sejam um pouco de cada.

(Não faço ideia do que realmente espero, mas noto que espero...e.es.esp.espe.esper.espero)

Hoje um pássaro pousava convicto em um arbusto. Não ficou ali por mais de três segundos. Freneticamente olhou tudo ao seu redor - e já impulsionando o arbusto para baixo -, cantarolou qualquer canção. As notas de sua melodia expandiram e perderam-se no ar enquanto ele (por consequência do êxito no impulso aplicado) ganhava altura e velocidade. Naqueles instantes, o arbusto, a cantoria e o até mesmo o ar fora seu. Um momento denso e macio agonizou freneticamente com o seu vôo.
Ele não soubera o motivo pr’um impulso -, nem tampouco o que aguardara por menos de três segundos -, mas conquistara com esse movimento um acorde perfeito.

Um comentário:

  1. achei muito linda, muito plástica essa imagem do passarinho. e, confesso, ñ a vi em três segundos, a vi em slow motion... as patas a impulsionar, vagarosamente, o galho; as patas agarrando-o, escorregando no impulso que pretendia dar. só então ele voa.

    ResponderExcluir