terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Digestão prolongando-nos

          Quero dizer-te alguma coisa, mas não sei bem o que. Estou feliz, não sei bem por quê. Transmitir-te-ia essa felicidade, caso conseguisse expressar melhor, entretanto nem sei como. Uma nuvem passou lentamente por cima de mim, há pouco. Como se me abençoasse por algum motivo que não distingo.
          Foi ótimo tomar chuva contigo pelo centro, entrar em lojas, e sentir a amizade que rodeia por toda nossa volta, abençoa-nos há tanto tempo, sem sabermos a razão. Nossos banhos demorados, juntas, depilando-nos, rindo, dançando, sem intenções a não ser a de ficarmos assim – juntas -, por muito tempo. Intimidade que nos faz sorrir, gargalhar e jogar-nos uma sobre a outra, sem motivos, com mil motivos, com saudade, sem distância. Nossos defeitos e limitações são desconsideradas, pra que possamos abraçar-nos novamente, e grunhirmos uma o nome da outra, felizes, corações palpitantes, e certos da amizade que mastigamos, sem querer engolir.          
          Amo-te apesar da distância, da falta de comunicação, das novidades que não compartilhamos e também apesar da tua partida, que se dará daqui um pouco. Alguma nuvem vai te engolir, suavemente, e essa, também me engolirá. Digestão aprazível: nós.

Um comentário:

  1. bateu-me uma inveja de querer sentir o mesmo. essa nuvem. bateu-me uma felicidade de ler o texto e lembrar de quando me senti assim. que bom que sente-se, agora ou em outro tempo qualquer.

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